foto de capa por Caio Siqueira
Passeio fotográfico no Jockey Club de São Paulo com o Click a Pé
Uhu!! Mais um passeio fotográfico em um local exclusivo, proibido ou inacessível da nossa cidade! \o/ Use o termo que preferir :P Eu adoro esse tipo de passeio fotográfico, me faz ficar muito animado, até ansioso, e especialmente para esse, gerou muita expectativa da minha parte, muita mesmo. Pois é, quando a expectativa é exagerada, as coisas tendem a dar errado… Falarei mais sobre isso ao longo do artigo.
Por enquanto, posso te dizer que tivemos um super passeio fotográfico pelo Jockey Club de São Paulo. A propósito, sabe aqueles livros que explicam os significados dos nomes? Como imagino que você saiba, meu nome é Filipe, mas provavelmente você não sabe que o significado dele é algo como “amigo dos cavalos” :)
Bom, não tenho muita certeza se eles gostam de mim e de fato somos amigos hahaha, mas… enfim… poder fotografá-los foi uma experiência muito legal! :)
E aí? Vamos conhecer o fotograficamente inacessível Jockey Club de São Paulo?
Vamos lá!
Fotografando no Jockey Club de São Paulo
Esse é um dos lugares super bacanas que você não pode fotografar onde o Click a Pé já organizou passeios fotográficos. Eu já escrevi aqui no blog sobre um desses passeios, o do aeroporto de Congonhas.
Para um fotógrafo, o Jockey Club é realmente inacessível. Você não pode fotografar por lá em nenhum lugar. Até mesmo nas regiões abertas ao público não é possível fotografar :(. Porém, nesse dia, além dessa região, também poderíamos fotografar outras áreas exclusivas, em que o público em geral não tem acesso. Então, era um grande dia!! Em outras palavras, muita expectativa.
O passeio começou muito bem :). Assim que cheguei, já vi vários dos amigos que fiz ao frequentar os passeios. Lembra do Anselmo e do Jama do meu primeiro passeio fotográfico no centro de São Paulo? Sim, eles estavam lá também! Fazia um bom tempo que não nos víamos.
Primeira parada, Tattersall
Depois do típico momento das instruções sobre o passeio, fomos para nossa primeira parada dentro do Jockey, o Tattersall, esse é o lugar em que os cavalos são vendidos. O prédio tem formato de ferradura, assim como outras coisas dentro dele também têm :).
As instruções iniciais me fizeram pensar que seria um dia corrido. Na realidade, depois deu para ver que não seria assim. Porém, isso acabou me colocando em “modo acelerado”, e essa não é a forma que gosto de aproveitar meu tempo quando estou fotografando. Eu preciso de tempo para observar as coisas e encontrar minhas composições.
Também tinha muita gente, cerca de 400 pessoas! Sim, o Click a Pé consegue atrair todo esse pessoal, é incrível. Mas isso fez com que o Tattersall ficasse lotado de gente fora do contexto desse espaço. Quando as coisas estão difíceis, precisamos tentar algo novo.
Estava difícil de fazer o tipo de fotografia que eu estou mais acostumado e já gosto. Então, por que não tentar algo novo? Vamos tentar transformar a desvantagem em vantagem! :)
Tinha um montão de gente por lá. O que eu poderia fazer com eles? Mais tarde, nós fotografaríamos os cavalos correndo, faríamos muitos pannings, é claro. Panning está associado a movimento. Por que não tentar pegar o movimento do grupo também? Mas claro que não com panning né hehe.
Pensei em uma longa exposição. Para isso, precisava de um lugar que tivesse um ponto de vista interessante de nosso grupo. O encontrei! Era dentro do Tattersall, e inclusive já tinha gente por lá, mas ainda tinha um espacinho para mim :). Então, fui rapidamente para lá para pegar meu lugar e me posicionar.
Entretanto, tinha um problema. Eu estava pensando em uma longa exposição, mas bem longa. Só que tinha muita luz lá, a foto ficaria superexposta. Eu não tenho um “big stopper” (filtro ND de 10 pontos), nem qualquer outro filtro ND para tentar ao menos uma longa exposição, mas que não fosse tão longa assim. E agora, Filipe?
Minha solução foi fazer uma composição de diversas imagens. Já fiz composições antes, como HDR e panoramas (lembra da expedição dos Três Picos?), mas essa é diferente. A composição não amplifica o “dynamic range”, nem o ângulo de visão, a intenção era que você pudesse observar na imagem final o passar do tempo e o movimento das pessoas naquele ambiente durante esse espaço de tempo.
O resultado? Dá uma olhada abaixo.
Quero melhorar esse tipo de imagem e técnica, foi minha primeira vez fazendo isso. Como disse antes, estou tentando algo novo. Achei o resultado interessante, é diferente de uma longa exposição. Tem um estilo diferente, mais próximo de uma pintura.
Também acho que vai me ajudar a pensar e enxergar o processo fotográfico como um todo (da captura com a câmera até a finalização da imagem) durante o momento da fotografia. Creio que isso vai me fazer tirar menos fotos, mas mais imagens que vão de fato servir para alguma coisa depois. Com certeza vou tentar esse tipo de fotografia mais vezes.
Hum! Acho que agora vou sentir falta de quando não tiver um montão de gente hahaha.
Segunda parada, arquibancada e arredores
Nesse segundo momento do passeio, eu não fui bem-sucedido em criar algo novo. Então, escolhi a estratégia número dois, a estratégia do Exterminador do Futuro, “Eu voltarei”, hehehe. Voltaria nas regiões internas mais tarde, mais para o final do dia, antes de ir embora, quando o pessoal do passeio já teria se dispersado. Provavelmente seria só eu por lá, ou no máximo mais uma ou outra pessoa.
De fato deu certo! Dá uma olhada abaixo, só eu curtindo e me divertindo nesse lugar super lindo \o/ :).
As áreas internas próximas das arquibancadas não eram tão grandes para o tanto de gente que estava por lá naquele momento. Então, acabou ficando cheio de gente que não fazia parte do cenário do dia a dia do local. Por ali, também dava para chegar até a sala presidencial e seus arredores, mas para isso precisávamos ir de elevador. Então, a visita nesse local era feita em pequenos grupos. Entretanto, estava levando mais tempo do que tínhamos.
O Jockey Club ainda estava fechado nesse momento, mas logo abriria para o público como sempre fazem. Então, tínhamos que respeitar os horários planejados para nossas visitas. Ainda tínhamos vários lugares a serem conhecidos, então fomos para o próximo. Mas eu acabei ficando sem poder ver a sala presidencial, o museu e outras áreas exclusivas dessa região. Agora deu para entender na prática o motivo dos sorteios para visitar lugares restritos que já ocorreram em outros passeios do Click a Pé.
Felizmente, vários outros colegas conseguiram, veja só essa fotografia incrível abaixo.
Nossa próxima parada espera por nós. Vamos lá!
Terceira parada, onde os cavalos e os jóqueis moram, Villa Hípica
Fizemos uma caminhada bem bacana ao redor da pista de corrida até chegarmos nessa outra região do Jockey Club. Existem mais de 1500 cavalos por lá, incrível, né?
Visitamos uma das inúmeras cocheiras que existem por lá e fizemos fotos dos cavalos que estavam por ali. Depois, visitamos o centro médico dos cavalos e tiramos mais algumas fotos por lá. Foi bem legal ter conhecido essa parte do Jockey.
Em seguida, hora do almoço! Eu já estava com muuuuuita fome! Começando a me sentir estranho. Eu não estava ciente de que iríamos comer assim tão tarde (14h), deveria ter me preparado melhor para o passeio. Prestarei mais atenção nisso da próxima vez. Eu não gosto de prejudicar minha saúde.
Corridas de cavalo
Depois do almoço, tivemos um dos melhores momentos do passeio fotográfico, as corridas de cavalo. Para mim, foi a melhor parte do dia :).
Nós pudemos fotografar realmente muito perto da pista. Quão perto? Olha, estávamos apenas separados dela por uma cerca. Éramos nós, a cerca e já começava a grama da pista. Nos disseram que esse é o local em que os fotógrafos profissionais ficam, \o/.
Só que eu não prestei atenção em um detalhe, a largura da pista. Na primeira corrida, usei uma lente grande angular e foi um fracasso completo hahahaha. Os cavalos estavam correndo bem próximo da cerca do outro lado da pista, então eles não estavam próximos da gente. Realmente não foi uma boa ideia usar uma grande angular, mas sem crise, na próxima eu já estava esperto e fui mais preparado.
Eu diria que para tirar fotos legais, você vai precisar de ao menos uma lente de 100mm (na equivalência para full frame) e uma 200mm vai ser uma boa opção, se você quiser pegar os cavalos individualmente lá do outro lado da pista. Uma lente com distância focal ainda maior é possível se você quiser pegar detalhes.
Essa não é a única opção que você tem para fotografar os cavalos. Antes das corridas, eles passam correndo por ali também, provavelmente um aquecimento. Só que eles fazem isso no meio da pista ou até mais para perto de onde estávamos. Para mim, foi bem melhor fotografar os cavalos nesses momentos do que na corrida em si.
Como estavam as configurações da câmera? Meu interesse no dia era fazer panning. Queria pegar o movimento e a sensação de velocidade dos cavalos e jóqueis. Eu não tenho quase nenhuma experiência com panning, então comecei com um tempo de exposição de 1/100 e torci para que tudo desse certo, hehe. Treinamento é bem importante para conseguir fotos úteis nessas situações.
Depois de algumas corridas, também testei com 1/60 para o tempo de exposição. Como esperado, o fundo ficou um pouco mais borrado, mas não era uma diferença gritante. ISO estava em 100 e a abertura ficou no automático para que eu pudesse me concentrar em acompanhar o movimento dos cavalos enquanto a câmera calculava a abertura certa para a melhor exposição. Apesar do sol estar forte, ele ficava encoberto em alguns momentos.
Foi bem legal poder fotografar os cavalos correndo! Nos divertimos bastante por lá! :) \o/
Enquanto eu estava lá aproveitando meu momento fotográfico com os cavalos, outros de nossos amigos foram para outras regiões do Jockey. Ainda bem que eles fizeram isso! Eles conseguiram fotografias realmente muito interessantes dos apostadores! Dá uma olhada!
Adoro quando outros conseguem enxergar aquilo que eu não pude. É ótimo! Esse é um excelente ponto positivo de passeios fotográficos em grupo.
Outra coisa bacana que aconteceu foi que tinham vários brinquedos e até cavalos para as crianças andarem e aproveitarem. Era tudo gratuito.
Muitas corridas e pannings depois, a luz natural já estava diminuindo e, antes que escurecesse, estava na hora de voltar para o segundo ponto de parada para fazer a foto que você já viu mais acima. Outro grande e tranquilo momento do dia. Uma experiência muito similar à fotografia do homem no check-in do aeroporto de Congonhas (o link te leva para onde eu sugiro que você comece a ler). Fiquei por lá até me sentir satisfeito com o que eu estava conseguindo, foi ótimo.
Por volta das 19h, era hora de dizer tchau para o passeio fotográfico no Jockey Club e ir para casa.
Minhas reflexões sobre o passeio fotográfico
Creio que você já percebeu que esse passeio fotográfico foi realmente bacana. Mas eu quase estraguei tudo com o meu excesso de expectativa e de expectativas não realistas.
Eu sei que nos passeios do Click a Pé, e em tantos outros passeios fotográficos feitos em grupo, eu não posso escolher o melhor horário para estar em cada lugar e nem gastar o tempo que eu desejar em cada um deles. Estará cheio de gente, teremos um cronograma que precisará ser respeitado e portanto temos que nos adaptar. A “brincadeira” muitas vezes acaba sendo como conseguir fotografias interessantes, mesmo com todas essas limitações. Pois é, Filipe. Você não está em suas viagens, você não tem a mesma liberdade. Vai com calma.
Por outro lado, nós visitamos um lugar inacessível, apenas isso já deveria tornar o passeio incrível! É realmente algo bem relevante. Nós também estamos aproveitando o dia com os amigos, não precisamos gastar tempo planejando o passeio fotográfico e estamos conhecendo novos lugares da nossa cidade ou do mundo. É uma troca. Simplesmente não é possível termos tudo o tempo todo.
Para mim, em qualquer lugar desse planeta, se você criar expectativas excessivas e não realistas, você vai acabar ficando desapontado. Escolha o lugar que você quiser. Vou escolher um para você agora.
Quando estive no Peru, eu me certifiquei de que eu iria para lá com zero de expectativas, por mais que eu tivesse lido um monte a respeito. Machu Picchu, por exemplo. As pessoas falam muito de lá… Quer saber a real? As pessoas falam demais de lá. Creio que muita gente chega lá esperando que aconteça quase um milagre com eles.
Eu vou comentar mais profundamente sobre Machu Picchu outro dia. Mas, é uma ruína medíocre. Ela não tem as maiores pedras, nem as mais polidas, nem os maiores terraços… Se você for para lá achando que vai ver tudo do bom e do melhor do que uma ruína Inca pode te oferecer, já sabe né? Vai se decepcionar. Se você achar que vai chegar lá e sentir “a energia” e sei lá mais o que, você talvez se decepcione também. Eu não senti nada além de cansaço, ficando sem fôlego toda hora hahaha :P.
Entretanto, tem um monte de coisa interessante por lá também! Mas provavelmente não o que você pensou ou antecipou. Você não verá as maiores pedras, terraços e etc. Porém, verá um pouco de tudo em um lugar incrível no meio das montanhas. Para mim, MP é isso, a combinação de pedras ok, terraços ok e tantas outras características de ruínas Incas com a localização privilegiada. Aí, você ainda adiciona umas trilhas incríveis para chegar lá e algumas montanhas que você também pode subir quando estiver por lá. Tudo isso junto faz a “mágica”.
De uma forma ou de outra, esse dia acabou sendo o dia épico de uma viagem épica. Eu realmente acredito que ter baixas expectativas foi muito importante, não só para esse dia, mas para toda minha viagem no Peru e provavelmente também para meus passeios fotográficos.
Baixa expectativa não é igual a achar que tudo é tosco e você é melhor que tudo. É apenas não antecipar as coisas, deixe que elas aconteçam e mostrem o que têm a oferecer. Apenas aproveite e viva a experiência. Esteja lá com as melhores das suas intenções, apenas aceite as coisas novas que você verá por lá e esteja aberto a conhecer, tentar entender e apreciar. Isso também cai muito bem sobre o que esperar de outras pessoas. Não espere nada, zero expectativa.
Portanto, não crie expectativas. Nossa mente é boa até de mais para criar situações não realistas. Viveremos muito mais facilmente e felizes se não alimentarmos esse tipo de pensamento.
Quando excesso de expectativas acontece, é quase certo que você vai se decepcionar com alguma coisa. Quando isso acontece, acaba te cegando para as outras coisas que também estão por lá e são boas e dignas da sua atenção.
Imagina se eu tivesse chegado em MP e observado que lá não tem as melhores características de uma ruína Inca, mas é mais famosa, desejada e cara. Aí, como muitos fazem, poderia ter entrado em “modo resmungão” e passar o resto do dia resmungando, criticando e apenas vendo os problemas do local. Olha quanta coisa eu teria perdido. Isso vale para tudo. Se o intuito é fotografar, isso é ainda pior. Pois se você está fechado para aquilo que está conhecendo, vai ficar realmente difícil conseguir capturar alguma coisa. Tudo vai parecer chato, sem graça e não vai chamar sua atenção.
Não estou dizendo que tudo isso é simples. Mas você precisa achar o seu jeito de resolver esse tipo de problema, caso o tenha. Pode não ser moleza, mas a gente consegue.
Dificuldades às vezes são boas. Você tem a opção de desistir, ou então você pode escolher tentar criar algo novo. Você pode ser ou pode não ser bem sucedido em sua criação, mas isso não importa muito. Nós fotografamos pelo amor a essa arte. Não para entregar um trabalho no fim do processo. Nós desfrutamos do momento, desde o início até chegarmos lá, da experiência de vida que ela nos proporciona. Seguiremos aprendendo e melhorando.
De qualquer forma, foi uma ótima maneira de começar os passeios fotográficos do Click a Pé em 2018. Estou muito animado para ver o que ainda está por vir nesse grande ano! Ou melhor, nem tão animado assim, né? Só um pouquinho, o suficiente ;). Espero poder encontrar com você no próximo passeio! :) Até!
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Agradeço muito pelo tempo que você dedicou à leitura do artigo. Obrigado ;). Espero que tenha sido proveitoso para você.
Até!
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