Filipe Morgado Escrito por Filipe Morgado - Última revisão: Janeiro/2019

Meu primeiro passeio fotográfico, centro de São Paulo

Está cansado de fotografar tudo e mais um pouco do que você vê pela frente na sua casa? Está com vontade de experimentar novos estilos de fotografia? Ou talvez simplesmente conhecer lugares novos? Isso era o que se passava comigo quando eu comecei a fazer passeios fotográficos.

Depois de um ano fotografando tudo que era possível e mais um pouco em casa, ou que poderia ser visto de casa, eu precisava experimentar algo novo. Mas ainda faltava alguma coisa para dar início a uma nova era dentro da minha fotografia.



O que será que eles estavam pensando?
O que será que eles estavam pensando?

Em 2013, eu não fazia ideia do que era um passeio fotográfico. Sendo sincero, eu nem sabia que esse tipo de coisa existia. Porém, meu amigo Jama me contou sobre ele e eu gostei da ideia.

Naquela época, eu não imaginava como isso iria impactar na minha vida anos depois. Na verdade, esse foi o meu primeiro e único passeio por muito tempo, cerca de 2 anos. Sabe como é né, a vida é escrita por linhas tortas.

Eu estava um pouco receoso por fazer um passeio fotográfico no famigerado centro de São Paulo. Lá não é um lugar zoado e perigoso? O que eu vou fazer lá?


Antiga Light.
Antiga Light.

Entretanto, era uma ótima oportunidade de eu rever um amigo, visitar uma região da minha própria cidade que eu não conhecia e de fotografar algo novo. Então eu fui. Sim! O que conto aqui foi o meu primeiro passeio fotográfico \o/.

Vamos juntos relembrar este passeio! :)

Percurso do passeio fotográfico pelo centro de São Paulo

O passeio fotográfico foi organizado pelo André Douek no que na época era chamado de Jornada Fotográfica. Ele organiza esses passeios desde 1996. Pois é, faz bastante tempo. Um dos grupos mais antigos que temos em São Paulo.

Os passeios fotográficos dele, hoje FotoJornada, são gratuitos, ocorrem mensalmente e geralmente em grupos de algumas dezenas de pessoas que caminham pelas ruas de algum bairro da cidade.

O passeio não é tão focado em uma experiência de vida, em aproveitar o momento ou visitar um lugar da cidade que você não conheça. O grupo tem um enfoque mais fotográfico e documental, como o próprio André descreve “documentar fotograficamente o patrimônio material e imaterial da cidade de São Paulo e seus habitantes”. É um bom passeio fotográfico e eu gosto dele também.

O André também promove algumas atividades extras, como um grupo de estudos de fotografia e a leitura do seu portfólio feita de maneira individual por ele. Para você saber como apoiar o grupo e aproveitar as atividades extras, acesse este link.


Beijo de pedra.
Beijo de pedra.

Para o passeio de hoje, a ideia era documentar a cidade durante 24 horas e publicar as imagens em tempo real na internet. Mas por que tudo isso? Era aniversário da cidade de São Paulo! Então o André fez um evento especial para comemorar :).

O ponto de encontro foi o Telecentro Olido, na Av. São João. Durante as 24h do evento, pequenos grupos sairiam de lá de hora em hora para um passeio fotográfico e retornariam em aproximadamente 3 horas.

Quando você retornasse, poderia publicar até 3 de suas fotos usando os computadores do Telecentro. Caso desejasse, poderia participar de múltiplos passeios fotográficos. O plano era esse, mas na realidade acabou sendo um pouquinho diferente.


Praça Clóvis Beviláqua.
Praça Clóvis Beviláqua.

Quando chegamos para o horário das 10h, poucas pessoas estavam por lá e logo saíram. Nós dois tínhamos a expectativa de ir com um grupo, talvez 10 ou 20 pessoas, mas não foi o que aconteceu.

O André tinha preparado algumas sugestões de passeio. Você poderia aceitar a sugestão ou não, eram realmente só sugestões. Como era um evento de 24 horas, ele não saía junto com o grupo pelas ruas. Então, na prática, logo que as pessoas chegavam, elas já saiam.

Enquanto pensávamos na rota que faríamos, outro moço, Anselmo, começou a conversar com a gente. No fim das contas, decidimos andar livremente pelo centro. Sem rota definida ou pensada antecipadamente, apenas tínhamos que voltar ao Telecentro em aproximadamente 3 horas. Eu não conhecia absolutamente nada do centro, mas com o Jama e o Anselmo conheciam, foi tranquilo.

O percurso que fizemos foi como descrito nos dois mapas abaixo. Para completá-lo, levamos cerca de 2h45.



No final do passeio, almoçamos em um restaurante ali perto. Obrigado, Anselmo!


Como foi nosso passeio fotográfico pelo centro de São Paulo?

No início eu não estava nada confortável em tirar a câmera da mochila. Mesmo depois deles terem começado a fotografar, eu ainda fiquei mais um tempo só observando.

Porém, um pouco depois, comecei a ficar mais à vontade e passei a aproveitar o passeio. Durante o percurso, não ocorreu nenhum incidente. Eu não me lembro nem de termos nos sentido ameaçados ou intimidados por alguém. Foi bem tranquilo. Muito mais do que eu esperava. Mas sempre prefira fazer passeios fotográficos em grupo pela cidade, ok?

Durante o passeio, um casal estava com dificuldades para tirar algumas fotografias deles mesmos turistando por São Paulo. Eles nos viram fotografando e vieram pedir ajuda. Enquanto o Anselmo ajudava o moço, sua esposa (imagino eu) sentou e olhou para o mesmo lado que a estátua do Álvares de Azevedo. Na hora pensei que o momento valia ser registrado :).


O que tem lá?
O que tem lá?

O que você vai encontrar no centro? Como qualquer área central de uma cidade grande, existem muitos prédios e muitas pessoas. Algumas apenas passando, outras trabalhando. Existem alguns (ou vários) prédios abandonados ou mal conservados, mas alguns deles são realmente bem conservados e admiráveis. São Paulo pode ser bonito também, acredite em mim :).


Vários bancos e instituições financeiras por lá. Antigo coração financeiro de São Paulo.
Vários bancos e instituições financeiras por lá. Antigo coração financeiro de São Paulo.

Algo que me chamou a atenção durante a caminhada foram as portas. Curioso né? Mas é verdade. Existem portas incríveis por lá. Eu nem imaginava que elas seriam um tema para fotografar, foi uma descoberta bem interessante hahaha. Até hoje eu me interesso por fotografar as portas diferenciadas dos lugares em que eu visito.


Uma das portas da Catedral da Sé.
Uma das portas da Catedral da Sé.


Porta do Palácio da Justiça de São Paulo.
Porta do Palácio da Justiça de São Paulo.


Uma das portas da atual B3 (Bovespa).
Uma das portas da atual B3 (Bovespa).

Durante a caminhada, nós nos deparamos com um homem trabalhando, ele estava fazendo a calçada de pedras portuguesas. Parecia que era possível tirar uma foto legal dele, mas naquela época eu não teria perguntado para ele se poderíamos fazer um retrato. Mas o Anselmo perguntou e o moço respondeu positivamente :).


O trabalhador. É ele uma das pessoas que faz nossas calçadas.
O trabalhador. É ele uma das pessoas que faz nossas calçadas.

Recentemente, em Paranapiacaba, foi a minha vez de perguntar para um desconhecido se poderíamos tirar um retrato dele enquanto outros do grupo estavam receosos.

Não mata ninguém perguntar se pode tirar um retrato. É só perguntar, no pior caso, a pessoa vai dizer não e você segue seu rumo. Com o tempo a gente vai ganhando prática e vai evoluindo. Se você não se sente confortável para fazer esse tipo de coisa agora, siga tentando e praticando. Eu ainda preciso praticar também, sou uma pessoa tímida e essas coisas normalmente geram desconforto.

Em uma de nossas paradas, tentamos subir na cobertura do Banespa. Pois, é. Apenas tentamos. Tinha uma fila gigantesca, de cerca de 2 horas para chegar lá em cima. Então desistimos, não tínhamos esse tempo. Mas ter conhecido o hall do prédio já foi bem legal, tem um lustre gigante bem bacana por lá.


O relógio dita o ritmo de São Paulo.
O relógio dita o ritmo de São Paulo.

Eu acho que a minha cidade maluca me inspirou aquele dia. Eu só tinha um ano de fotografia e algumas das fotos que tirei naquele dia eu gosto até hoje. Eu também não tirei tantas fotos assim, mas várias delas foram suficientemente boas. Essa proporção não é comum. É, nossa cidade é bem fotográfica :).


Isso não é uma propaganda. Achei interessante, isso fica infincado no meio da parede que dá para a rua. O que acontece quando alguém abre isso? Se você fizer o percurso do passeio no Google Maps, você vai conseguir ver.
Isso não é uma propaganda. Achei interessante, isso fica infincado no meio da parede que dá para a rua. O que acontece quando alguém abre isso? Se você fizer o percurso do passeio no Google Maps, você vai conseguir ver.

Ficou curioso com a foto acima? Eu fiquei e o Guilherme Fré também! Ele deu uma pesquisada e achou este link. Lá, explicam que isso era um cofre para depósitos noturnos. Existem vários outros pelo centro! Interessante… Vou caçar esses outros cofres nos próximos passeios por lá! Vai ser divertido! \o/

Sacou?

Esse passeio fotográfico abriu portas para várias coisas legais que a fotografia poderia me proporcionar. Não só a mim, ela pode fazer o mesmo por você. Eu tentei pela primeira vez um pouco de fotografia de rua e de arquitetura, comecei a perder o medo de fotografar nas ruas, encontrei um amigo das antigas e ainda fiz um novo amigo.

Ok, o centro de São Paulo ainda não é um dos locais mais seguros, mas está longe de ser um lugar zoado. O centro tem diversos problemas, mas também está cheio de história e de belos prédios antigos. Dá para fotografar muito por lá!

Fiquei bem feliz por ter conhecido um pouco mais da minha cidade e muito agradecido pelo Jama e pelo Anselmo terem me mostrado o que era um passeio fotográfico e também por me guiarem pelas desconhecidas ruas da minha própria cidade. Obrigado ;)

Puxa. Sinto saudades desse passeio, preciso repeti-lo…


Sabe onde fica esse pé? Não? Vai ter que ir comigo pra descobrir... :P
Sabe onde fica esse pé? Não? Vai ter que ir comigo pra descobrir… :P


Agradeço muito pelo tempo que você dedicou à leitura do artigo. Obrigado ;). Espero que tenha sido proveitoso para você.

Até!


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