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Escrito por Filipe Morgado
Era novembro de 2015. Eu estava passando 1 mês no Peru. Conhecendo esse país incrível e dando um “reset” na minha vida. Além de fotografar muito por lá, eu também tenho algumas histórias de viagem bem interessantes para te contar :). Esta história é sobre o trânsito maluco no Peru.
Naquele dia, eu estava hospedado em Ica e apenas queria ir para a cidade vizinha de Nazca para ver as linhas de Nazca. Mas o trânsito no Peru tem suas surpresas e eu acabei tendo uma aventura antes da aventura propriamente dita em Nazca enquanto ia de táxi para o terminal de ônibus.
Ah, Filipe… que bobeira… Qual a graça de pegar um táxi?
Uma pequena batida, seguida de uma perseguição e até com polícia envolvida está bom para você? Hahahaha :P Sim, tipo um filme!
Deixa eu te contar como foi, vamos para a história…
Eu comprei o passeio das Linhas de Nazca com a ajuda do hotel em que me hospedei em Ica. O hotel também me ajudou com o translado, mais especificamente com o ônibus e o agendamento do táxi “de confiança” para me levar ao terminal de ônibus para que eu pudesse chegar em Nazca. O hotel era muito bom, exceto por essa recomendação do taxista, hahaha.
Eu estava sentado na recepção esperando o táxi chegar. Ele estava atrasado. Então, perguntei ao recepcionista. Ele ligou para o motorista do táxi e me disse que ele estava quase chegando…
Mais alguns minutos se passaram e nada… Perguntei para ele novamente e… Filipe, ele está um pouco atrasado, mas você vai chegar no horário certo para pegar o ônibus, não se preocupe. Eu confiei no que ele disse e esperei. Mas sabe como é, né? Jeitinho brasileiro existe em outros lugares também, no caso jeitinho peruano ;).
Depois de mais alguns minutos, o táxi chegou. O motorista foi muito cordial e se desculpou. Embarquei, sentei no banco de trás do lado oposto ao motorista e seguimos para o terminal. Mas…
Imagine uma avenida grande. Com dois sentidos e algumas faixas para cada um deles, sendo que o canteiro central é bem largo, tem espaço até para árvores e locais para cruzar de um lado para o outro da avenida. Hum… talvez não seja tão simples de imaginar, né… Então, vamos pedir ajuda pro Google StreetView. Estou falando desse lugar:
O trânsito era intenso. Era uma bagunça como em Arequipa, mas diria que ainda pior. O motorista conseguiu cruzar para o retorno no canteiro central, mas tinham vários outros carros fazendo a mesma coisa junto com alguns “tuctucs”/mototaxis, esses veículos de 3 rodas que você viu na foto do Google acima.
Consegue adivinhar o que aconteceu? O taxista estava fazendo a curva dentro do retorno para pegar o outro lado da avenida, mas um mototaxi ao lado estava fazendo a mesma coisa e…. batida… sim… deu uma boa raspada no tuctuc. E sim, o taxista poderia ter evitado, mas enfim… já era tarde.
O motorista do mototaxi ficou imediatamente bem bravo. Pulou para fora do seu carrinho de 3 rodas e veio na nossa direção “conversar” com o motorista do táxi.
Eu disse que a história era interessante. Bom, para você que está lendo, né. Eu estava atrasado para o ônibus e nem um pouco a fim de aparecer nos noticiários da cidade hahaha.
Chuta o que aconteceu?
O motorista do táxi acelerou e escapou do local da batida! Wow!! Cacilds, esse motorista ta doidão! O cara ta fugindo! Meu Deus!
Eu ainda acho que na cabeça dele se passava algo como: “Eu estou de carro, o outro cara é só um mototaxi. Ele não vai conseguir me alcançar. Já era, blz! Vou fugir. Pega nada”
Mas o motorista do tuctuc estava bravo…
E o trânsito estava ruim…
Creio que não é muito difícil de adivinhar que de repente o mototaxi apareceu pela nossa direita correndo que nem doido, nos passou e nos fechou.
Agora você não vai acreditar. Mas aconteceu mesmo. O taxista bateu no tuctuc de novo!! Ele não parou o táxi tão rápido como deveria e bateu na traseira do tuctuc quando ele nos fechou. Até eu me perguntei. É sério isso? O cara bateu no mesmo carro duas vezes? Ta de brincadeira! Aí já da vontade de rir né, hahahahaha. É um mané esse motorista.
O motorista do tuctuc já estava bem bravo, depois da segunda batida o cara ficou insanamente bravo. Fiquei assustado. Mas o taxista estava de boa, super calmo, sorrindo, como se nada estivesse acontecendo, num estado “don’t worry, be happy”. Ele parecia se comportar como se fosse superior e nada pudesse com ele. Era meio estranho. Será que o jeitinho peruano é tão intenso assim?
Novamente, o motorista do mototaxi veio na janela do taxista, mas dessa vez ele abriu a janela e eles começaram a “conversar”.
O motorista do tuctuc estava batendo com as duas mãos na porta do carro, na região onde entra e sai o vidro, mas mais para a lataria. Não estou brincando, ele batia forte, bem forte. Deve ter até amassado. Ele batia, batia, batia e enquanto isso dizia algo como:
Você bateu no meu carro duas vezes!!! Você bateu no meu carro!!! Duas vezes!!! Você bateu!! Bateu!! Você está doido??!?!? Não sabe dirigir?!?!?! Vai ter que pagar o conserto!! …
Então, aí ele falou:
Me dá sua carteira de motorista e seu documento!!
O taxista abriu calmamente o porta-luvas e deu para ele seu cartão de visita. Hahaha engraçadinho, quase um piadista esse motorista.
Cadê sua carteira de motorista?!?!?!?!
Eu não tenho.
Hum, ?! O queeeee?!?!?!?!? Estou num táxi que o motorista não tem nem carteira de habilitação?! Como assim!?!? Que parada é essa? Que raio de taxista é esse?! Eu não disse nada disso na hora, apenas pensei. A situação já tinha problemas o suficiente. Mas você pode imaginar quão bravo o cara do tuctuc ficou né. Foi então que aconteceu outra coincidência que parecia vinda de um filme.
Um carro da polícia estava passando e quando o motorista do tuctuc viu, praticamente pulou na frente do carro para pará-lo e pedir ajuda.
Então, pensei… já era o passeio das linhas de Nazca, lascou de vez :(. Ao menos, com a polícia por perto, nenhum dos dois motoristas vai tentar nada estúpido e nada realmente ruim deve acontecer.
A polícia veio conversar.
Para minha surpresa, o taxista disse que ele estava me levando para o terminal de ônibus bem pertinho dali e que eu já estava atrasado para pegar o ônibus.
O policial deu aquela olhada e disse:
Ok. Você pode levar o passageiro, mas vou junto e vamos acertar isso em seguida.
Nossa! Que incrível, né?
O policial entrou no carro. Nós chegamos no terminal (de fato era perto), o taxista calmamente me explicou onde eu deveria ir para pegar o ônibus dentro do terminal e também me disse que estava tudo bem (ele provavelmente deve ter notado minha cara de assustado e de não acreditando muito no que estava acontecendo). Eu respondi para ele “cuidate”, uma expressão que escutei bastante no Peru durante a viagem (já era minha terceira semana por lá), algo como “cuide-se”.
Foi isso, tem mais não ;). Não faço a mínima ideia do que aconteceu depois. Apenas sei que peguei o ônibus ainda no horário e vi as linhas de Nazca algumas horas depois.
E você? Já passou por poucas e boas pegando táxi por aí? Compartilha sua história com a gente nos comentários abaixo! :)
Agradeço muito pelo tempo que você dedicou à leitura do artigo. Obrigado ;). Espero que tenha sido proveitoso para você.
Até!
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