foto de capa por Hugo Chinaglia
Workshop de fotografia de paisagem com Hugo Chinaglia na Pedra Grande, Atibaia
\o/ Uhu!!! Filipe, por que você está tão feliz? Ué, fotografar paisagem, especialmente de montanha, não te deixa feliz? Para mim funciona que é uma beleza! E se de quebra ainda pudermos aprender e melhorar nossos conhecimentos em fotografia? Aí fica fácil topar o passeio, né? :) Lá vou eu, ou melhor, lá vamos nós para o workshop do Hugo Chinaglia na Pedra Grande em Atibaia (SP)!
Vivemos muita coisa e foi ótimo. Teve chuva, teve sol, teve vento, teve céu aberto com um monte de estrelas, teve light painting, pessoal posando com o jipe, caverna, vista da cidade e um lindíssimo amanhecer com inversão de nuvens.
Que nascer do sol nós presenciamos! Só por ele tudo já teria valido a pena. Foi aquele momento em que você desliga de tudo, vive intensamente e aprecia um amanhecer lindo com a possibilidade de retratá-lo e levar esse momento de vida com você para sempre.
Ao menos para mim, o melhor presente de viagem que posso ganhar está muito longe daquelas lembrancinhas típicas. Para mim, o melhor presente de viagem são as fotografias com meus melhores momentos. Aquelas que me fazem lembrar de tudo que eu vivi naqueles dias e de tudo que passei para chegar até lá. Isso não faltou por lá!
Vamos conhecer como foram esses dois dias e também aprender como você pode fazer o mesmo. Vem comigo!
Como chegar em Atibaia para o workshop do Hugo Chinaglia
Antes de tudo, para onde devemos ir?
Não é diretamente para a Pedra Grande. Lá, é onde você vai praticar tudo que aprendeu. Você vai encontrar com o resto do pessoal, fazer suas refeições, dormir e ter as aulas na Pousada Pedra Grande. É para lá que você deve ir.
A maioria das pessoas que vão para esse workshop são de São Paulo e cidades próximas. Então, você pode ir com seu carro (ou combinar uma carona com mais alguém que vá para o workshop) ou de ônibus bem no início da manhã de sábado.
Se você vem de longe (ou não quer acordar cedo no sábado), é melhor então você vir um dia antes (sexta) e dormir já na pousada (o restaurante da pousada não funciona de sexta, então é melhor você levar sua comida desse dia, avise o Hugo se você quiser chegar na sexta) ou em alguma cidade próxima de lá. Assim, vai ficar mais fácil de você estar no ponto de encontro por volta das 8h no sábado.
Eu escolhi ir de ônibus. Por quê?
Simplesmente para evitar eventuais problemas.
A estrada de São Paulo até Atibaia é boa, mas a estrada menor que liga Atibaia à pousada pode não ser (é uma estrada de terra), especialmente se chover forte, como o Hugo tinha comentado comigo antes de irmos.
Já que o workshop tem incluso no preço um transfer de jipe de Atibaia (rodoviária) até a pousada, me pareceu uma boa ideia usá-lo, né? :). Dessa forma, eu não preciso me preocupar em dirigir e nem se o carro vai conseguir chegar na pousada.
O lado ruim de ir de ônibus é que você provavelmente vai ter que acordar bem cedo. Minha casa não é perto do terminal e eu tive que acordar 3:30 nesse dia para estar no Terminal Tietê no horário correto. Vamos dizer que eu já estava entrando no clima do horário de acordar do workshop, hahaha. Você vai entender melhor depois… continue lendo :).
A passagem do ônibus de São Paulo para Atibaia não é cara, custa por volta de R$20 (Março/2018) com a empresa Viação Atibaia. Você deve comprar o ônibus que sai às 6:00, ele chegará em Atibaia por volta das 7:15 e o jipe já estará lá esperando por você :). É melhor comprar a passagem antecipadamente para garantir seu lugar no ônibus, eu fiz isso aqui. A volta é mais tranquila e pode ser comprada na hora lá em Atibaia.
Durante o transfer, o cara simpático e figura do jipe, Ricardo do Atibaia 4×4, me disse que tinham recuperado a estrada recentemente. Eles dão uma ajeitada na estrada de tempos em tempos, mas, às vezes, entre uma recuperada e outra, a estrada não fica muito legal.
Enfim, se você estiver preocupado com a estrada, é fácil, usa o transfer de jipe ;).
Da pousada até a Pedra Grande, o trajeto é feito com os jipes (também já incluso no valor do workshop). Carro de cidade até consegue chegar lá, mas alguns deles estragam tentando fazer isso, não da para ter dó do carro. A estrada não é muito boa para esse tipo de veículo.
Hospedagem, Pousada Pedra Grande, Atibaia
Neste workshop nós nos hospedamos na Pousada Pedra Grande. Eu gostei de ter ficado lá. O café da manhã era bem legal e as outras refeições também foram boas. A sala em que tivemos as aulas era bacana também. A pousada não estava fechada para nosso evento, na realidade, no domingo, até teve outro evento acontecendo por lá. A pousada é grande de mais para fechar apenas para nós. Nosso grupo tinha 12 pessoas.
Como disse, lá é grande. Nós fazíamos de carro o percurso do chalé até o onde as aulas são dadas e as refeições são feitas. Não estou dizendo que é gigantesco e você precisa ir necessariamente de carro, mas indo dessa forma é bem mais rápido. Assim, podemos passar mais tempo na Pedra (\o/) do que caminhando dentro da pousada. A estradinha que nos levava até o chalé poderia ser melhor, já estava na hora de dar uma recuperada nela. Ela estava com o terreno bem irregular e tinha buracos. Com carro de cidade você vai precisar ir bem devagarinho, mas dá para ir.
Você também pode trazer outras pessoas com você que não vão participar do workshop, por exemplo, sua família. Enquanto eles aproveitam a pousada (tem piscina e outras coisas mais por lá), você aprende sobre fotografia e também pratica bastante :).
Antes do workshop, você pode escolher se você quer ficar em camping ou em chalés (realmente é só escolher, pois é o Hugo quem cuida das reservas, você não precisa se preocupar com isso). Além disso, a pousada oferece algumas opções de chalés, eu escolhi a mais barata e era legal. Eu também só queria um lugar seguro para deixar minhas coisas, uma boa cama e um banheiro com chuveiro com água quente.
Se for da sua vontade, você pode compartilhar o chalé com mais pessoas. Ando notando que geralmente a gente encontra pessoas bem bacanas nesse tipo de evento. Então, pensei que ia ser legal dividir o quarto com mais alguém.
De fato foi. Dividi com mais uma pessoa que inclusive acabou se tornando meu amigo. Além de economizar um dinheirinho :), o Daniel Yamaoka é um cara muito legal. Para você ter uma ideia, ele me deu até carona de volta para São Paulo. E ele nem é de São Paulo, é de Santos. Obrigado, Daniel!
Para fechar, o pessoal da pousada também foi bem legal conosco. Eles até nos ajudaram com um rádio de comunicação extra para que em caso de alguma eventualidade, a gente conseguisse falar com eles rapidamente. Eles também comentaram que tem soro para mordida de cobra lá. Enfim, me pareceu que é um lugar com uma infraestrutura bacana para nos receber durante o workshop.
O que levar para o workshop de fotografia de paisagem?
É fácil, né? Não tem muito segredo. É uma mala de apenas dois dias, considerando que vamos dormir em um hotel e fazer alguns passeios fotográficos para fotografar paisagem durante o pôr e nascer do sol, além de estrelas. Vou facilitar listando os itens mais importantes:
- Lanterna (prefira aquelas de cabeça para deixar as mãos livres);
- Agasalhos, luva e gorro;
- Cantil;
- Calçado para caminhar;
- Lanches leves (para caminhadas e enquanto estiver na pedra);
- Protetor solar;
- Repelente;
- Chapéu;
- Capa de chuva
- Mochila com seu material fotográfico:
- Câmera + bateria + cartões de memória + carregador;
- Tripé (importante para o tipo de fotografia que é feito no workshop. O Hugo te empresta se você não tiver);
- Priorizar as lentes mais angulares (se você tiver uma tele, pode ser legal também);
- Proteção para chuva;
- Filtros (se você tiver algum);
- Disparador remoto (caso você o tenha e utilize);
- Seu kit de limpeza;
- Adicione suas roupas e outros itens pessoais.
A lanterna é importante para os momentos em que não temos luz natural, ou seja, antes do nascer do sol e depois dele se pôr. Lembre-se de carregar as baterias dos seus equipamentos.
Pode ventar bastante e ficar bem frio lá em cima da pedra, então leve seu gorro, luvas e casaco corta-vento, eles vão te ajudar bastante. Sempre vá para esse tipo de passeio preparado. Além de não conseguir aproveitar direito pelo frio que passa, você ainda pode acabar ficando doente.
Sobre meus lanchinhos, dessa vez eu peguei mais leve, pois só passaria uma noite fora. Então, para o primeiro dia, antes de sair de casa, fiz um lanche de pão de forma integral com chocolate, pois é algo que pode ficar na mochila por bastante tempo sem estragar (lanche da tarde do primeiro dia). Para o segundo dia, foi o clássico mix de oleaginosas (noz, amêndoas, castanhas-de-caju, castanhas-do-pará e uvas passas) para a manhã e tarde do segundo dia.
Se você quiser saber exatamente o que eu uso e o que você precisa para começar a fotografar paisagem, além de mais detalhes sobre as roupas para se proteger do frio, aplicativos que vão facilitar sua vida e também mais detalhes sobre todos os itens de fotografia que listei acima (com dicas de qual escolher e para que eles servem) recomendo fortemente que você baixe meu guia de Equipamentos Para Passeios Fotográficos Em Montanhas. É um presente meu para você ;), aproveite.
Primeiro dia do workshop
Na realidade, o workshop começa antes do primeiro dia. Hum? Como assim, Filipe? Simples. O Hugo cria um grupo no WhatsApp só com os alunos que vão para o workshop.
O grupo ajuda na logística antes do workshop e também serve como um meio para trocar fotos, ideias e perguntas depois do evento. Ele serve também para “quebrar o gelo”. O pessoal se apresenta, começa a se conhecer, ficamos sabendo com quem vamos dividir os quartos (se a pessoa optou por isso), conversamos e ajudamos uns aos outros sobre os equipamentos e até compartilhamos listas do que levar. O grupo foi útil até para combinar as caronas com o pessoal que foi para lá dessa forma.
Como um bônus, o Hugo também organiza alguns passeios fotográficos em São Paulo e ele chama apenas seus alunos do workshop usando exatamente esses grupos.
Se, assim como eu, você gosta do bom e velho email, o Hugo também manda alguns emails oficias com todos os detalhes que você precisa saber para aproveitar bastante o workshop.
Chegando e rindo
Nós começamos o workshop rindo, hahahaha. Vou te contar como foi. Logo depois que todos chegaram, fomos ao chalé deixar as malas. Nesse momento, eu tinha acabado de conhecer o Daniel Yamaoka com quem eu iria compartilhar o quarto.
Eu fui na frente com o Ricardo (moço do jipe) e o Daniel foi nos seguindo com seu carro. A chave do quarto estava comigo, então fui abrir a porta. Assim que comecei a abrir, vimos uma cama de casal…. hum… pensei comigo: opa, acho que a pousada não entendeu muito bem nossa divisão de quarto, hahaha, não somos um casal.
Só que eu ainda estava abrindo a porta! Assim que terminei de abrir e entramos no quarto, vimos mais duas camas atrás da porta…. ufa! … hahaha, já começamos a fazer piada da nossa própria situação. Lua de mel? Que nada! hahahaha
Depois do susto, começamos a conversar enquanto arrumávamos as coisas. Ele me contou das viagens dele, eu contei um pouco das minhas, especialmente do Peru. Foi uma conversa bem bacana! Para tornar o primeiro contato ainda melhor, quando estávamos voltando para tomar café da manhã com o restante do grupo, em seu carro estava tocando Pink Floyd :). Ele gosta e eu também, \o/.
Café da Manhã
Quando encontramos o grupo para tomarmos café todos juntos, o Daniel já começou a fazer piada do nosso susto no quarto. Ele disse algo como:
Que parada é essa! Estamos em lua de mel e ninguém tinha me contado? huahuahuauhauhahu
Explicamos o que tinha acabado de acontecer e o pessoal riu junto com a gente :).
O workshop começava de uma forma muito bacana e durante o café da manhã ficou ainda mais claro que tinha toda a cara que ia continuar assim.
As pessoas. Uma parte muito importante das expedições e workshops. Eu também adoro fazer meus passeios e viagens fotográficas sozinho, mas quando estamos em grupo, tem que valer a pena e ser gratificante estar com o pessoal. É impressionante como a gente encontra pessoas incríveis nesse tipo de passeio e como normalmente a fotografia consegue reunir essas pessoas.
O pessoal é sempre muito alinhado e partilha dos mesmos interesses e objetivos. Eu acho que funciona como se estivéssemos em nosso “momento da liberdade”, todo mundo está feliz, sentindo-se bem, querendo mais, querendo aprender, viver, aproveitar seus momentos, descobrir novos lugares, fotografar e criar sua arte… Enfim, posso dizer simplesmente com vontade de viver (willing to live)? Haha, ;).
Histórias de vida muito interessantes apareceram durante nosso café da manhã, por exemplo, a do Daniel Tavares. Espero ainda conseguir trazer ele aqui no blog para contar para você como a fotografia mudou a vida dele e os novos valores que ele adotou para viver melhor. É realmente muito inspirador e eu me identifiquei.
A gente também conversou sobre um monte de coisa. Mas não vou te contar tudo aqui é muita coisa :). Vou terminar esse tópico citando um pensamento que tivemos em nossa conversa. Eu não lembro exatamente quem disse isso, então não vou arriscar os créditos, hehe.
Vícios saudáveis tornam-se virtudes
Acho que você deve imaginar que estávamos falando de fotografar e viajar né :). Mas essa ideia é muito maior do que isso e pode ser aplicada em muitas outras coisas.
Enfim, vamos que vamos. Agora é hora da nossa primeira aula do workshop! Outro ótimo hábito, certo? Esteja sempre aprendendo. Ou, como diria o célebre ETzinho da época da faculdade, "Apenas que …
… busquem conhecimento", hahahaha
Primeira aula e preparativo dos passeios
A boa percepção inicial do grupo ficou ainda mais escancarada quando nossa aula começou.
O Hugo a iniciou pedindo para que cada um de nós contasse um pouco sobre o que o motivava a estar ali e o que esperava do workshop. Era incrível como a essência era sempre muito parecida, apesar de algumas diferenças entre cada um de nós. Isso também ajudou a aproximar o grupo. O Hugo também nos contou o motivo dele estar ali e o que ele quer para a vida dele. Manda ver, Hugo!
A aula é bastante flexível. Não é uma aula que foi previamente planejada e na hora permanece sempre a mesma coisa independentemente de quem está assistindo. Os alunos fazem sim diferença e ele dá menos ou mais detalhes dependendo do conhecimento da turma em cada assunto. Isso faz com que a aula seja interessante para mais pessoas, colocando de outra forma, pessoas com diferentes níveis de conhecimento.
No nosso caso, estávamos mais acostumados aos conceitos básicos de fotografia e alguns precisavam aprender mais sobre as técnicas de paisagem. Então, ele gastou menos tempo nessa parte mais básica e mais tempo na parte de paisagem, que inclusive incluiu fotografia de estrelas e star trail.
Depois dessa parte mais técnica, era hora de falar sobre composição. Se você está mais acostumado aos conceitos técnicos, essa parte da aula provavelmente vai ser sua favorita!
A formação do Hugo é em design. Com certeza isso contribuiu para o conhecimento dele nesse tópico da fotografia e também na forma com que ele a ensina. Gostei bastante das coisas que ele disse. Batem bastante com a forma que eu também penso sobre composição (coisas que eu já conhecia e humildemente acredito que sejam boas formas de abordar esse assunto), mas eu também pude aprender coisas novas. Nós também revisamos algumas fotos usando os conceitos aprendidos durante essa parte da aula.
Se você quiser mais detalhes da aula, você vai ter que fazer o workshop, hehehe :).
Antes do final da aula, conversamos sobre a primeira (tarde de sábado) e a segunda (madrugada de domingo) aula prática. Ou, nas minhas palavras, os passeios fotográficos :) \o/.
Para a segunda, combinamos o horário que iríamos para a Pedra Grande fotografar as estrelas. Baseado no comentário de um de seus alunos, decidimos ir mais cedo do que o usual para termos mais tempo para aproveitar lá em cima.
O Hugo encoraja que você de um feedback para ele de como foi o workshop e realmente os leva em consideração. Além do que você acabou de ler, a sala bacana que tivemos as aulas também foi resultado de um feedback de turmas anteriores.
Para o primeiro passeio fotográfico, existiam duas opções para chegar até a Pedra Grande. Você pode ir de jipe ou pela trilha.
A trilha tem 2 km e leva por volta de uma hora para ser percorrida. A dificuldade dela é baixa (você não precisa escalar nada nem fazer alguma outra coisa mais radical), mas ela exige do seu preparo físico, já que é subida. Ela também não tem nenhuma vista particularmente interessante para fotografar durante o caminho, é mais pela caminhada e fazer uma atividade física. Você pode escolher, se não quiser ir caminhando, é só usar o jipe.
No nosso caso, pela primeira vez no workshop, o Hugo nos deu a opção de uma segunda trilha. Uma trilha para ser feita depois de chegar na Pedra Grande. É uma trilha menos cansativa, mas mais difícil e arriscada. Decidimos tentar. Como optamos por essa nova trilha, fomos de jipe para a Pedra.
Mas…
Primeiro passeio fotográfico (aula prática)
Tinha um problema…
Depois de chegarmos na Pedra Grande, uma tempestade se aproximava. Você pode ver abaixo.
Então, nossa nova trilha acabou sendo cancelada. No dia seguinte, tentaríamos de novo.
Quando digo que a tempestade estava vindo, realmente ela estava :(. Primeiro, ela era visível de longe e era possível andar e fotografar normalmente.
Depois, começaram a cair alguns pingos. Um pouco mais forte, um pouco mais fraco, mas nada de mais. Mas as meninas já vestiram os casacos e protegeram os cabelos hahahahahaha.
Depois de alguns minutos, começou a ventar bastante…
Aí, começou uma chuvinha. Nada de tempestade ainda, mas já estava na hora de vestir algo para se proteger da chuva. Se você seguiu a lista acima, você terá na sua mala a sua proteção :).
Insistimos mais um pouco por lá… Não é que melhorou! \o/ A chuva deu uma aliviada.
Começamos a montar os tripés e fazer algumas fotos. Mas o tempo estava bem instável, a chuvinha e o vento iam e vinham. O grupo como um todo estava tendo dificuldade de aproveitar por lá.
E agora? Quem poderá nos defender? :P
Então, o Hugo disse algo como:
Pessoal, tem uma pequena caverna aqui perto. Querem ir fotografar por lá enquanto o tempo não melhora por aqui? Depois nós voltamos para cá. Topam?
\o/ Uma caverna! Parece uma boa! Nem fazia ideia que tinha uma por aqui, da hora!
Então fomos para lá aproveitar nosso momento fotográfico na caverna! :)
A caverna é pequena, mas tinha espaço para todo mundo entrar e fotografar. O mais importante naquele momento era driblar a chuva e começar a praticar o que tínhamos aprendido na aula.
A luz natural vinha apenas por um dos lados e iluminava as pedras e a água no interior da caverna. Tentamos algumas composições e o Hugo também posou para algumas fotos.
O Hugo também passou aluno por aluno vendo se estava tudo bem, se tinha alguma dúvida ou dificuldade :).
Quando saímos da caverna, o Daniel Tavares se aproximou com uma cara de realizado e falou algo assim comigo:
Filipe, a gente estava dentro de uma caverna… Tirando foto…
No que você estava pensando nessa hora?
Eu não respondi de bate e pronto para ver o que ele falava. Então ele continuou…
Nada. Só fotografando.
Onde está o resto do mundo nessa hora?
Não existe resto do mundo.
Onde está sua cabeça?
Só naquilo que você está fazendo.
Quer mais o que?
Nada… Né? :)
Não tenho um comentário melhor a fazer. Esse cara entende tudo ;)
Saca? Não tem tempo ruim quando você quer aproveitar. A gente dá um jeito. Mesmo se não tivesse uma caverna lá, a gente teria encontrado uma forma de aproveitar o momento. Não tenho dúvidas disso. Talvez não seja o que você tinha antecipado, mas é sempre possível. Falei um pouco sobre essa questão de expectativa nesse outro artigo.
Voltamos para a Pedra e o tempo estava melhor. Tiramos uma foto do grupo e também tinham umas nuvens super lindas e coloridas no céu.
Estávamos livres para explorar a pedra e fotografar. O pôr do sol estava terminando (atrás das muitas nuvens) e a noite estava chegando. Tentei mais algumas fotos e conforme foi escurecendo vimos Atibaia acendendo até ficar toda iluminada.
E teve mais…
O Hugo chamou os jipes e também sua esposa, Paola (como ele, ela é muito bacana, tranquila, prestativa e esteve lá conosco o tempo todo dando um suporte extra para que tivéssemos uma ótima experiência no workshop), gentilmente posou para nós em cima do jipe. Eu não estou muito acostumado com esse tipo de fotografia mais “fabricada” e menos espontânea, mas foi bem bacana experimentar e deu para se divertir também :).
No total, passamos um pouco mais de 4 horas lá na pedra e na caverna :). Depois de tudo isso, hora da janta!
Comemos, batemos papo e rimos. Em outras palavras, aproveitamos bastante nossa janta. Mas não ficamos por lá por tanto tempo, pois acordaríamos bem cedo no dia seguinte. Que horas? Dá uma olhada no alarme…
Segundo dia do workshop
Bora acordar bem cedo? Às 1:55 para ser mais preciso :P. É verdade, acordamos com sono, mas nos aprontamos rapidinho e fomos para nosso ponto de encontro já observando o céu para ver se ele estava limpo. O café da manhã fica para quando voltarmos.
Lá, esperamos alguns minutinhos até que o jipe chegasse e nos levasse para Pedra Grande. Nesse momento, a trilha não era uma opção, fomos todos de jipe.
Segundo passeio fotográfico (aula prática)
Para chegar tão cedo na Pedra Grande, vulgo durante a noite, é uma boa ideia estar em um grupo grande como estávamos. Foi bem tranquilo por lá, também nunca aconteceu nada nas várias expedições que o Hugo já fez, mas essa foi a recomendação que escutei de quem era da região.
Depois que chegamos, começamos a preparar a câmera e o tripé para fotografar as estrelas. Essa é a hora em que você vai usar sua lanterna. Foi interessante que usei a lanterna basicamente só para tirar as coisas da mochila e montar o tripé com a câmera. Depois disso, consegui usar a câmera no escuro e sem lanterna. A prática vai fazendo a gente pegar o jeito da coisa :).
Naquele dia, a lua estava por lá. Não era lua cheia, então não nos atrapalhou tanto assim. Na realidade, dava até para usar a lua na composição das fotografias.
Começamos fotografando livremente pela Pedra. Nesse dia, resolvi tentar fazer uma coisa diferente do que tinha feito na minha última tentativa de fotografar estrelas. Eu queria mais luz entrando na câmera para usar um ISO menor. Então, nesse dia, usei uma lente f/2,8 no lugar da grande angular (f/4,5) que usei da outra vez.
Sim, essa lente f/2,8 faz com que entre um pouco mais de um ponto de luz na câmera \o/. Porém, sua distância focal é maior, 40 mm, enquanto a outra é de 10 mm. Para fotografar estrelas, isso não é bom. Pois, quanto maior a distância focal, menor o tempo de exposição para manter a estrela como um pontinho e não um rastro (um ponto de partida para calcular o tempo de exposição é: 500/distância focal equivalente para full frame).
O tamanho da abertura era maior, mas como o tempo de exposição era menor, os resultados foram similares aos da última vez, foi o que teve hehehe :).
Se você fizer as contas, você vai ver que a distância focal maior “custou” 2 pontos de luz, quando comparada com a lente de 10 mm. Então, na realidade, era para ter ficado um pouco pior (ganhamos 1 ponto e pouco com a abertura e perdemos 2 pontos com o tempo de exposição). Talvez o fato de ter usado um tempo de exposição mais curto tenha introduzindo menos ruído (cerca de 8 segundos e não 30 segundos) e isso ajudou no resultado.
Enfim… O que eu sei é que tentei fazer o melhor que pude e consegui algumas fotos um pouco diferentes do restante do pessoal por causa da lente de 40 mm, em geral, se faz foto de estrelas com uma grande angular. De qualquer forma, foi divertido e eu aproveitei o meu momento fotográfico :), isso é o que mais importa.
Depois, o Hugo também nos chamou para fotografar umas ideias que ele tinha de light painting. Mais algumas fotos planejadas para nós :).
Ele criou uma espécie de “sabre de luz” que ele mexia durante a exposição da foto para dar o efeito. Com a ajuda da Paola, meu resultado foi esse da foto abaixo.
Depois disso, eles também posaram para nós no jipe e com a lanterna apontada para o céu (você já viu essa foto um pouco acima).
Fotografar estrelas é bacana, mas vejo que o pessoal adora fazer isso, hahaha. Entretanto, ao menos para mim, logo em seguida vinha o nascer do sol e teríamos o momento épico do nosso final de semana.
Não sei exatamente, mas talvez o fato de já estarmos ali fotografando as estrelas por algumas horas antes do amanhecer tenha feito dele algo ainda mais especial.
O céu foi ficando azul… Depois a luz do sol começou a fazer o horizonte ficar colorido. Começamos a ficar mais energizados e animados… Lá vem ele!! \o/
E assim fomos tirando nossas fotos… Não é fácil no início devido à pouca luz.
Todo o processo de presenciar, observar e fotografar te envolve de uma forma incrível…
É como se tudo parasse e você vivesse o momento presente profundamente.
Eu não fiquei tão preocupado em tirar as fotografias, as fotos foram saindo naturalmente. Eu apenas queria viver e aproveitar intensamente aquele momento. Apenas brincava com a luz que surgia…
Essa é a hora que a mágica acontece. É o motivo de eu estar fazendo tudo que estou fazendo. Aquele dia aconteceu e eu senti. Como se eu estivesse perdido naquele lindo e gratificante momento. Um momento que facilmente valeu por todo o final de semana.
Como o Daniel disse acima, a mente está focada e apenas vivenciamos, sem pensar em mais nada, aquele incrível e belíssimo nascer do sol com inversão de nuvens. Enquanto isso, o fotografamos e o transformamos em memórias para toda a vida.
Foi muito perfeito. Mas tinha uma poça, tinha uma poça no nosso caminho. Sabia que elas são uma das maiores armadilhas de fotógrafos?
Sim, elas são.
Primeiro, porque elas funcionam como uma isca. Quase todo fotógrafo quando vê uma poça quer tentar usar seu reflexo para gerar algo interessante. Só que para fazer isso, você vai gastar certo tempo em volta da poça compondo sua foto.
Segundo, não é fácil. Às vezes, a gente acaba tirando foto do reflexo e não usando o reflexo para compor uma fotografia.
Olhei para a poça, ela olhou para mim. Ok, desafio aceito, :). Lá vou eu.
Primeira tentativa. É, não deu muito certo, foto do reflexo huehuehue… E se eu tentar um pouco mais para a esquerda? Hum… Parece que aqui funciona…
Curioso para ver no que deu?
Gostei dessa fotografia. Eu acho que a poça não está apenas criando algo bonito, ela também contribui para a composição. Quando alguém olha para a imagem, provavelmente o olhar começa próximo ao canto inferior direito e caminha pela poça, pois ela converge para onde a Vanessa também está fotografando e contemplando o belo nascer do sol.
O contraste com o restante do chão e a forma da poça ajudam a guiar o olhar para ela. Mas o reflexo da Vanessa na poça faz ficar ainda mais fácil para o olhar passar da parte de baixo para a nossa amiga e consequentemente para o restante da parte de cima da imagem. O reflexo conecta as duas partes da fotografia e enfatiza o assunto principal da imagem.
Fico também muito contente de te contar que essa fotografia foi selecionada para uma exposição organizada pelo SP da garoa na ALESP (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), \o/ \o/ \o/. A exposição (segunda Ocupação SP da garoa) ocorrerá do dia 16 de abril até o dia 27 de abril de 2018, com o tema “O caminho do olhar”. Espero poder te ver lá :).
Depois dessa, eu também fiz mais algumas fotos. Aproveitei o Cinturão de Vênus do lado oposto ao nascer do sol para pegar o céu com umas cores diferentes.
Também tentei capturar a inversão de nuvens.
Depois do nascer do sol, fizemos a trilha que no dia anterior não foi possível ser feita devido à chuva. Na realidade, fizemos apenas a primeira parte dela, a parte mais fácil, pois já estava ficando tarde e tínhamos que voltar para a pousada para o café da manhã. Mas mesmo assim foi legal, vimos a Pedra por outro ângulo, uma vista bem legal também.
Ficamos na Pedra por volta de 4 horas e 30 minutos. Tempo de sobra para fotografar as estrelas e o nascer do sol.
Depois, voltamos para a pousada, pois era hora do café da manhã e em seguida tiramos uma soneca para recuperar as energias antes da última aula do workshop.
Segunda aula e surpresa
A última aula foi bacana também. O Hugo falou sobre equipamento como câmeras, filtros e tripé. Ele também falou sobre diferentes condições de luz, sobre o Cinturão de Vênus, estratégias fotográficas, aplicativos de celular e várias outras coisas e dicas.
Para terminar a aula, ele editou com a gente algumas das fotografias que fez durante o workshop para nos ensinar sobre pós-produção.
No final, hum… Conto ou não conto? Ah… vai ser surpresa :P. Acho que dessa forma você vai aproveitar mais, assim como foi com a gente. Só vou dizer que é algo personalizado para você :).
É hora de ir…
Depois da última aula, almoçamos e então era hora de ir para casa. Foi um ótimo final de semana.
Depois de ler tudo que te escrevi nesse artigo, creio que você tem uma boa ideia de como pode ser sua experiência nesse ótimo workshop.
Vivemos várias condições de tempo diferentes, da noite ao dia, da chuva e do vento a um ensolarado nascer do sol. Assim é a natureza, não temos seu controle. Você pode ser aquela pessoa que vive reclamando ou então você pode fazer melhor do que isso e encontrar uma forma de aproveitar todas essas diferentes situações.
Tenho certeza que fizemos da segunda forma. Isso também faz parte do processo de aprendizado. Na fotografia de paisagem, a gente não tem o controle, então temos que lidar com as diferentes circunstâncias que são apresentadas para nós. Faz parte da brincadeira :).
Nossos amigos também fizeram o workshop ainda melhor. Pessoal super bacana, histórias de vida incríveis, bate aquela identificação e é muito inspirador. Obrigado a cada um de vocês que esteve lá durante esse final de semana :).
Foram só dois dias, mas minha sensação é de que vivi muito mais do que isso. Poderia ter sido só mais um amanhecer, mas foi incrível. Além, de tudo que vivemos e da ótima experiência fotografando por lá, como um bônus, ainda tive uma foto selecionada para uma exposição. Que incrível!
Para mim, essa experiência foi excelente para me lembrar do motivo pelo qual eu estou fazendo o que estou fazendo e o porquê de eu estar mudando minha vida completamente para estar mais perto desse tipo de evento e também ajudar outras pessoas a experimentarem isso.
Tudo isso que vivi me deixa tranquilo para recomendar este workshop para outras pessoas. Por que você não aproveita também? Vamos lá! É só clicar no botão abaixo :).
Agradeço muito pelo tempo que você dedicou à leitura do artigo. Obrigado ;). Espero que tenha sido proveitoso para você. Até!
Acredito que você vai desfrutar da leitura destes artigos também:
Mais sugestões no final da página…